Câmara Municipal de Penela

Jazz ao Centro 2017 | Carmen Souza Trio em Penela

Informações

Na sua 15ª edição, os Encontros Internacionais de Jazz abraçam um território alargado, abrangendo 5 municípios: Coimbra, Figueira da Foz, Miranda do Corvo, PENELA e Vila Nova de Poiares.
Com o desígnio de “um festival para uma região”, o Jazz ao Centro Clube e os municípios parceiros na organização do festival assumem a necessidade de um trabalho em rede, afirmando a importância e capacidade de executar projetos sem fronteiras concelhias, destacando a arte e a cultura enquanto espaços de consolidação e afirmação do intermunicipalismo.
O festival terá lugar em 3 semanas consecutivas, de 13 a 28 de Outubro, com mais de 20 iniciativas, entre concertos e sessões dirigidas a jovens estudantes de música e comunidade escolar.
No cartaz, encontramos mais de 50 artistas provenientes de países como os Estados Unidos da América, o Brasil, a Alemanha, a Suíça e a França, além de um número significativo de músicos portugueses.

 

Carmen Souza Trio
Carmen Souza – Voz, guitarra, piano
Théo Pascal – baixo, contrabaixo
Elias Kacomanolis – bateria

A inclusão no repertório de Carmen Souza do tema “Cape Verdean Blues”, do pianista e compositor de jazz norte-americano Horace Silver (de seu verdadeiro nome Horácio Tavares da Silva, porque os seus pais eram cabo-verdianos), não veio ao acaso. Tem mesmo uma carga simbólica: a cantora portuguesa igualmente de ascendência nas ilhas atlânticas propôs-se estabelecer uma ponte entre a sua cultura musical de origem e a corrente estética nascida no outro lado do oceano, não sem incluir no híbrido estético a que se vai chamando world jazz elementos das músicas populares de Portugal e do Brasil e outros da identidade latina. Se o jazz há muito se tornou uma música universal, é por escolhas como estas que a mesma se regionaliza, especificando os lugares do mundo em que se pratica.
Carmen Souza canta em Crioulo e em Português, e também em Inglês e Francês, mas o que pode ser entendido como um efeito da globalização cultural do mundo é também a expressão de que o que se pensa, e se cria, implica manifestações locais. A artista vive em Londres e as suas trajectórias musicais fazem-se, sobretudo, pela Europa, pelo que é natural que essas línguas convivam no seu entendimento da canção e da própria vida. Não é de desenraizamento geográfico que se trata, mas do seu contrário. Os fundamentos são africanos, a alma é lusófona (com ela estão o contrabaixista Theo Pascal, português, e o baterista Elias Kacomanolis, moçambicano) e as molduras musicais são as do bop e do pós-bop, com John Coltrane e Ornette Coleman como principais referências.
O que significa que numa só pessoa pode estar o planeta inteiro, e essa circunstância transmite-nos uma ideia de conexão, de pertença e de completude com o que nos rodeia. Para um músico, não se trata apenas de uma bonita metáfora. A própria Carmen Souza já o disse: um músico vive de fé.
«Nós, como músicos, acreditamos naquilo que não vemos. Todos os dias trabalhamos numa música que não existe, numa pauta que está em branco. É muito investimento, é muito acreditar, muito risco, mas é isso que nos mantém vivos», afirmou numa entrevista. Ter o mundo na voz podia tornar esta numa Babilónia, mas assim não acontece. O formato em trio permite uma simplificação dos termos e uma redução ao que é essencial: «Prezamos mais o silêncio e damos valor a cada nota.» Para nós, fica o desafio de «sentirmos o momento», que é o que ela nos pede, tão simplesmente e tanto, tanto.



Data

13/10/2017

Local

Auditório da Biblioteca Municipal de Penela

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